Para o Instituto, o jornal força a mão em um título que parece sair em "defesa" dos governos de Fernando Henrique Cardoso
Por: Agência PT, em 4 de setembro de 2015 às 19:37:53
O Instituto Lula divulgou nota, nesta
sexta-feira (4), rebatendo reportagem da “Folha de S. Paulo” que afirma
que o Memorial da Democracia, lançado pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, “diminui” os feitos das gestões do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
Para o instituto, o Memorial da
Democracia é uma importante contribuição para a consolidação da
democracia no Brasil e faz um trabalho sério de resgate histórico das
lutas populares no Brasil entre 1964 e 2002.
Em seu Faceboook, Lula publicou que a
equipe multidisciplinar de pesquisadores, historiadores e jornalistas
responsáveis pelo conteúdo do Memorial “não tem caráter partidário,
apenas se ateve aos fatos”.
Segundo a nota, a “Folha de S.Paulo”
“procurou com lupa erros que não existem no Memorial da Democracia. Em
reportagem publicada na tarde de ontem (3), o jornal força a mão em um
título que parece sair em “defesa” dos governos de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002)”.
Confira a nota do Instituto Lula na íntegra:
“Folha de S.Paulo contesta dados e fatos que não sejam elogiosos a FHC
Em uma tentativa de desqualificação
de um trabalho sério de resgate histórico das lutas populares no Brasil
entre 1964 e 2002, a Folha de S.Paulo procurou com lupa erros que não
existem no Memorial da Democracia.
Em reportagem publicada na tarde de ontem (3), o jornal força a mão em
um título que parece sair em “defesa” dos governos de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
Confira: para a Folha o memorial “diminuiu” FHC.
Por um lado, vemos como um elogio à
seriedade do nosso trabalho que a Folha de S.Paulo tenha encontrado
tanta dificuldade para distorcer o conteúdo do Memorial, recorrendo a
uma falsa polêmica para cumprir seu objetivo. Por outro, nos preocupa
que tentem “culpar” o trabalho da equipe multidisciplinar de
especialistas que montou o Memorial da Democracia pelo legado dos
governos anteriores aos de Lula –sobre os quais não fazemos juízo de
valor, diferentemente da própria Folha de S.Paulo diante dos registros
históricos da era FHC.
Por isso, convidamos todos e todas a
ler a íntegra das perguntas enviadas pela reportagem da Folha e as
respostas do Instituto Lula, bem como a conhecer e fazer sua própria
avaliação do Memorial da Democracia .
No texto sobre a primeira eleição de
Lula, em 2002, consta que, no dia de sua posse, ele “anunciaria a
primeira política pública de seu governo, o Fome Zero, embrião dos
programas de transferência de renda que seriam agrupados posteriormente
no Bolsa Família”. Por que programas do governo anterior —como o Bolsa
Escola, o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação—, que foram incorporados e
ampliados pelo Bolsa Família, não foram citados?
Porque conceitualmente, em objetivo e
em escala, não são a mesma coisa. O Programa Fome Zero e depois o Bolsa
Família foram programa concebidos, em forma, universalidade e escala
para erradicar a fome no Brasil. Os programas do governo anterior tinham
alcance e caráter limitado, não atingiam todos os potenciais
beneficiados e não tinham o caráter de direito. Inclusive a
universalidade desses programas foi vetada em lei pelo governo anterior,
fato que tampouco está no Memorial.
No texto sobre a eleição de Fernando
Henrique Cardoso, em 1994, diz-se que o tucano “antes de se tornar
ministro da Fazenda [...] era um político com tímido desempenho
eleitoral”. Por que há juízo de valor (“tímido”) sobre o desempenho
eleitoral de um adversário, mas não do ex-presidente Lula?
Porque haveria de ter juízo de valor
sobre desempenho eleitoral de Lula se antes de 1994, em 1989, Lula
quase ganhou as eleições presidenciais? Não faz sentido o pretenso
paralelismo proposto pela Folha de S. Paulo. É um fato histórico que
antes de ser indicado para o Ministério da Fazenda o nome de Fernando
Henrique Cardoso não era cotado para as eleições presidenciais daquele
ano enquanto Lula liderava as pesquisas eleitorais de então. O adjetivo
encaixa-se nesse contexto.
Por que no texto sobre a eleições
presidencial de 1994 não há menção ao fato de que a disputa foi vencida
em primeiro turno, como acontece no texto de 1998?
Essa afirmação está na linha fina do card, atenção: http://demo.memorialdademocracia.com.br/card/fhc-e-eleito-presidente-sob-a-bencao-do-real
Quais obras, na bibliografia do
site, dão suporte à conclusão de que a vitória de Lula em 2002 “decorreu
do amadurecimento do eleitorado brasileiro — que desde a eleição
municipal de 2000 vinha externando o desejo de mudança política — e da
complexa conjuntura que precedeu o pleito”, conforme consta no texto?
São fatos históricos que talvez o
reportariado da Folha de S. Paulo seja muito jovem para lembrar, mas o
Brasil viveu uma grave crise econômica e social entre 1999 e 2002, com
índices sociais e econômicos muito ruins e baixa popularidade do governo
federal. Todos esses fatos são verificáveis inclusive nos arquivos da
Folha de S. Paulo.
Por que o site inclui fatos
posteriores à primeira eleição de Lula, em 2002 —principalmente no texto
sob o título “Mais democracia, mais oportunidades”, mas não apenas—,
porém omite a denúncia e o julgamento da ação penal 470?
Quanto à falta de referências ao
governo do PT, lembramos que teve início em 2003, período que ainda está
sendo preparado pela equipe do Memorial, bem como os muitos períodos
anteriores ao Golpe de 1964.
O referido (e curto) texto de apenas
um parágrafo de fatos absolutamente incontestáveis é uma introdução que
se refere a ampliação da democracia e das oportunidades durante o
governo Lula, período que ainda não foi abordado pelo Memorial, quanto
mais o período posterior aos dois mandatos de Lula.
Por que estão incluídos na linha do
tempo escândalos ligados a outros partidos e figuras políticas, como o
da emenda da reeleição (PSDB) e o de Celso Pitta (Maluf), mas não estão
listados escândalos ligados ao PT?
Os módulos do memorial já publicados tratam dos períodos entre 1964 e 2002.
Agradecemos às perguntas. O
Instituto considera o Memorial uma importante contribuição para a
consolidação da democracia no Brasil e considera normal o debate em
torno de diferentes interpretações de fatos históricos. Que cada um faça
a sua, que cada cidadã ou cidadão participe desse debate.“
Da Redação da Agência PT de Notícias
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